A ressonância magnética de pelve tem se tornado um exame cada vez mais solicitado no dia a dia do consultório.
Esse exame oferece uma visão detalhada e profunda das estruturas pélvicas, ajudando no diagnóstico de doenças ginecológicas que, por muito tempo, foram difíceis de identificar com precisão.
E a melhor parte: sem dor, sem radiação e com uma definição incrível de imagem.
Tenho visto muitas pacientes que passaram anos com sintomas sendo tratados como “normais” ou confundidos com outras condições.
Quando realizamos a ressonância, conseguimos finalmente entender o que estava por trás daquela dor crônica, daquele sangramento irregular ou daquela dificuldade de engravidar.
Por isso, resolvi escrever esse texto: para te contar como esse exame pode ser um divisor de águas no cuidado com a saúde feminina.

O que é a ressonância magnética de pelve?
A ressonância magnética de pelve é um exame de imagem que usa campos magnéticos e ondas de radiofrequência para criar imagens detalhadas da região pélvica. Isso inclui o útero, ovários, trompas, bexiga, intestino e os ligamentos ao redor.
Diferente de exames como o ultrassom, que dependem muito da posição do intestino ou da experiência do profissional, a ressonância oferece uma visualização mais ampla, em diferentes planos e com altíssima definição.
É como se a gente tivesse uma lupa moderna para enxergar lá dentro, sem precisar de nenhum procedimento invasivo.
Quando a ressonância magnética de pelve é indicada?
Esse exame pode ser usado em diversas situações. Não é feito de forma rotineira, como o Papanicolau ou a mamografia, mas quando há suspeita de algo mais complexo, ele entra como uma ferramenta essencial.
As principais indicações incluem:
- Suspeita de endometriose profunda
- Miomas uterinos em locais de difícil visualização
- Avaliação de cistos complexos nos ovários
- Acompanhamento de tumores ginecológicos
- Dores pélvicas de causa desconhecida
- Infertilidade sem causa aparente
- Estudo pré-operatório para cirurgias ginecológicas
- Alterações detectadas em exames anteriores
Como a ressonância melhora o diagnóstico?
Aqui, gosto de fazer uma comparação simples: imagine tentar entender uma pintura observando só um pedacinho dela.
É isso que acontece com alguns exames mais limitados. Já a ressonância magnética de pelve mostra o quadro inteiro, com riqueza de detalhes, camadas e profundidade.
Entre os principais benefícios estão:
Imagens em alta definição
A tecnologia usada permite identificar até pequenas alterações no tecido, o que ajuda a diferenciar lesões benignas de suspeitas e orientar o melhor caminho.
Avaliação em múltiplos planos
Conseguimos visualizar a pelve em cortes transversais, coronais e sagitais, o que ajuda a entender o tamanho, a localização e o comportamento das lesões.
Sem radiação
Ao contrário da tomografia e do raio-X, a ressonância magnética não usa radiação ionizante, o que torna o exame mais seguro, inclusive para repetição e acompanhamento a longo prazo.
Mapeamento para cirurgia
Para pacientes que vão passar por cirurgia (especialmente por endometriose), o exame serve como uma espécie de “mapa”, ajudando o cirurgião a planejar com precisão a abordagem.
Ressonância para diagnóstico de endometriose
Um dos maiores avanços que acompanhei nos últimos anos é o uso da ressonância magnética de pelve no diagnóstico da endometriose.
Essa é uma condição que, muitas vezes, passa anos sendo subestimada, com sintomas como cólicas intensas, dor durante a relação, alterações intestinais no ciclo e dificuldades para engravidar.
Com a ressonância, conseguimos identificar a profundidade das lesões, o comprometimento de órgãos próximos e até o risco de aderências. Tudo isso sem precisar de cirurgia exploratória.
E quando combinamos com o preparo intestinal adequado, a visualização da pelve profunda fica ainda melhor.
Como é o preparo para o exame?
O preparo para a ressonância magnética de pelve pode variar um pouco, dependendo do motivo do exame. Em alguns casos, é necessário esvaziar o intestino para melhorar a imagem, especialmente quando há suspeita de endometriose profunda.
De forma geral, as orientações incluem:
- Evitar alimentos que produzem gases no dia anterior
- Jejum de 4 a 6 horas antes do exame
- Uso de laxante suave, se indicado
- Beber água para manter a hidratação
- Informar sobre uso de DIU ou próteses metálicas
O exame em si é indolor. A paciente deita em uma maca que entra no aparelho de ressonância, e o exame dura cerca de 30 a 45 minutos. É importante ficar bem parada para que as imagens saiam com clareza.
Ressonância é sempre necessária?
Essa é uma pergunta que recebo muito: “por que fazer a ressonância se já fiz ultrassom?” A resposta é simples: nem sempre ela é necessária, mas quando é indicada, pode trazer informações que nenhum outro exame consegue fornecer.
O ultrassom continua sendo uma excelente ferramenta, especialmente quando feito por profissionais experientes. Mas em alguns casos, ele tem limitações, principalmente em regiões de difícil acesso ou em pacientes com mamas ou pelves densas.
A ressonância entra como complemento, ajudando a esclarecer dúvidas ou a confirmar suspeitas. E, em muitos casos, muda completamente a conduta.
Dúvidas comuns sobre a ressonância magnética de pelve
Pode ser feita durante a menstruação?
O ideal é evitar. O sangramento pode atrapalhar a imagem, especialmente se estivermos avaliando o útero e o endométrio. Sempre oriento a remarcar para depois do fim do fluxo.
Quem tem claustrofobia pode fazer?
Sim. Mas é importante avisar antes. Algumas clínicas oferecem exames em aparelhos abertos ou com sedação leve, se necessário. O mais importante é se sentir segura.
Pode ser feita com DIU?
Na maioria dos casos, sim. Mas se o DIU for metálico, precisamos avaliar. O campo magnético da ressonância pode interferir em alguns dispositivos.
Quanto tempo leva o resultado?
Depende do local, mas geralmente o laudo sai em até 5 dias úteis. Em situações de urgência, podemos agilizar.
A importância do procedimento
A ressonância magnética de pelve é uma das maiores aliadas que temos hoje na investigação de doenças femininas.
Ela não substitui a escuta, o exame clínico ou a história da paciente, mas soma, e muito, no entendimento do que está acontecendo por dentro.
Se você está passando por sintomas que parecem não ter explicação ou se já fez outros exames e continua com dúvidas, converse com seu médico ou médica. E se quiser conversar comigo, estou aqui também.
A informação é sempre o primeiro passo do cuidado. E quando ela vem acompanhada de tecnologia e escuta, os resultados aparecem de forma muito mais leve.
Dra. Flavia Mansur Starling
CRM: 105273 MG l 210663 SP
RQE: 64901 MG l 131321 SP