Se tem uma pergunta que ouço com frequência no consultório é: mamografia dói? Essa dúvida aparece antes mesmo do agendamento, muitas vezes acompanhada de receio, desconforto e até relatos de outras experiências não tão boas.
A verdade é que a mamografia ainda é cercada de mitos, e meu papel aqui é justamente conversar com você de forma clara, sem rodeios, mas com muito respeito ao que você sente.
A gente sabe que só o nome do exame já causa tensão em muita mulher. Algumas adiam o check-up por medo da dor, outras por vergonha ou por não saber o que esperar.
Por isso, escrevi esse texto para explicar como é o exame, o que você pode sentir e por que ele continua sendo tão importante na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de mama.

Por que a mamografia é tão importante?
A mamografia é o principal exame de rastreamento para o câncer de mama. Ele permite identificar alterações muito pequenas, que ainda não podem ser percebidas no toque ou no autoexame.
Muitas dessas alterações são benignas, mas quando não são, a detecção precoce aumenta (e muito!) as chances de tratamento eficaz.
A recomendação é que mulheres a partir dos 40 anos façam a mamografia todos os anos, mesmo sem sintomas. Em alguns casos, como histórico familiar ou alterações genéticas, o rastreamento pode começar mais cedo, sempre com acompanhamento médico.
Mas afinal… mamografia dói?
Vamos direto ao ponto: mamografia dói? Depende.
Não existe uma resposta única, porque a sensação do exame varia de pessoa para pessoa. Algumas mulheres sentem apenas um desconforto leve, outras relatam incômodo mais intenso, e há quem diga que não sente nada demais.
A verdade é que a dor, quando acontece, costuma ser momentânea durante a compressão das mamas no aparelho.
E sim, há compressão. O exame funciona justamente assim: a mama é posicionada entre duas placas, que a comprimem por alguns segundos para obter uma imagem clara.
Essa compressão é fundamental para achatar o tecido mamário e permitir que a imagem seja nítida. Sem isso, o exame perde eficiência.
O que influencia na dor ou desconforto durante a mamografia?
Esse é um ponto importante. Vou falar um pouco mais sobre eles.
Tamanho e sensibilidade das mamas
Mulheres com mamas mais densas ou muito sensíveis, principalmente no período pré-menstrual, podem sentir mais incômodo.
É comum que, nos dias que antecedem a menstruação, a região esteja mais dolorida, por isso, o ideal é agendar o exame fora desse período.
Técnica e acolhimento
A forma como o exame é conduzido também faz toda a diferença. Eu sempre reforço: a humanização começa no atendimento.
Um profissional que explica cada passo, respeita o tempo da paciente e realiza o exame com cuidado contribui para tornar a experiência mais leve.
Nível de ansiedade
A expectativa da dor muitas vezes aumenta a percepção do desconforto. Já ouvi relatos de pacientes que se prepararam para “sofrer” e, no fim, se surpreenderam com a suavidade do procedimento. Quando você sabe o que esperar, tudo fica mais tranquilo.
Como é feito o exame de mamografia?
A mamografia é feita com um equipamento específico, chamado mamógrafo. O exame dura poucos minutos e, geralmente, são feitas quatro imagens, duas de cada mama. Durante o exame:
- A paciente fica em pé, em frente ao aparelho.
- A técnica posiciona a mama sobre uma placa.
- Outra placa se movimenta para comprimir a mama.
- A imagem é capturada.
- O processo é repetido com a outra mama e, às vezes, com ângulos diferentes.
Não é necessário jejum, sedação ou internação. O exame é ambulatorial, rápido e você pode voltar à rotina logo depois.
Mamografia é segura?
Sim, a mamografia é um exame seguro. Ela usa uma dose muito baixa de radiação, dentro dos limites considerados seguros pelos órgãos reguladores de saúde.
Além disso, os benefícios do rastreamento, especialmente a chance de detectar precocemente o câncer de mama, são muito maiores do que os riscos associados ao exame.
Como se preparar para a mamografia?
Não é preciso muito preparo, mas algumas dicas podem tornar a experiência mais tranquila:
- Evite o exame durante o período pré-menstrual: a mama tende a estar mais sensível.
- Não use desodorante, talco ou cremes no dia do exame: essas substâncias podem interferir nas imagens.
- Use roupas que facilitem a troca de blusa: geralmente, você precisará tirar a parte de cima.
- Avise se estiver grávida ou amamentando: nesses casos, o exame é adiado ou substituído por outro, como o ultrassom.
Mamografia dói em mulheres com prótese?
Essa é outra dúvida comum. A resposta é: não precisa doer mais. O exame pode ser feito, sim, em mulheres com prótese de silicone.
A técnica utilizada é um pouco diferente, chamada de manobra de Eklund, em que o tecido mamário é separado da prótese para melhor visualização.
O mais importante é informar, no agendamento e no momento do exame, que você tem próteses. Assim, o procedimento será realizado com a técnica adequada e com toda segurança.
Mamografia pode ser substituída por outro exame?
Muita gente me pergunta se a mamografia pode ser substituída por ressonância magnética ou ultrassonografia. A resposta é que cada exame tem seu papel.
- A mamografia é o exame padrão para rastreamento.
- O ultrassom é complementar, especialmente em mulheres com mamas densas.
- A ressonância é indicada em casos específicos, como alto risco para câncer de mama.
Ou seja: a mamografia continua sendo insubstituível como ferramenta de rastreamento em larga escala.
Dicas para tornar o exame mais confortável
- Agende para o período em que suas mamas estejam menos sensíveis (geralmente, após o fim da menstruação).
- Converse com a técnica que realizará o exame. Pode dizer se está ansiosa ou se já teve experiências desconfortáveis antes.
- Mantenha a respiração tranquila e avise se algo estiver incomodando.
- Lembre-se de que o exame é rápido e dura apenas alguns segundos por imagem.
Não precisa ter medo
Falar sobre mamografia é também falar sobre autocuidado, sobre se colocar em primeiro lugar, mesmo diante do medo.
E se você ainda se pergunta se mamografia dói, minha resposta mais sincera é: talvez um pouco, mas é rápido, suportável e absolutamente necessário. Não tenha medo.
O desconforto de alguns segundos pode ser o que te ajuda a evitar um diagnóstico tardio. E eu estarei sempre aqui para te ajudar a passar por isso da forma mais acolhedora possível.
Se você ainda tem dúvidas ou se sente insegura para agendar seu exame, me escreve. A gente conversa.
Dra. Flavia Mansur Starling
CRM: 105273 MG l 210663 SP
RQE: 64901 MG l 131321 SP